UM DIA CHEGAREMOS LÁ


Por: Dom Aloísio Roque Oppermann scj

Esta postagem foi publicada em 3 de dezembro de 2013 e está arquivada em Colunas, Colunas/Colunistas.


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No mês de outubro de 2013, o premiê da Rússia Vladimir Putin, esteve em visita diplomática ao Vaticano. Conversou durante um bom tempo com o Papa Francisco. Foi um diálogo amável, de quem procura estabelecer laços de amizade. Ao que tudo parece, Putin, além de representar os interesses políticos da Rússia, estava de alguma forma também representando a Igreja Ortodoxa, da qual ele é fiel adepto. Mas esse assunto, ligado ao Patriarcado de Moscou, cujo Patriarca é Cirilo I, não apareceu de maneira explícita no diálogo. Até parecia um tema por demais delicado, para emergir. Ficou como um suposto implícito. Cai na vista que os Papas, nestas últimas décadas, estiveram em visitas oficiais a todos os países do mundo. Mas nunca houve um convite, por parte da Rússia, para visitar aquele território. O Patriarca Ecumênico Atenágoras, de Constantinopla, expressou muitos gestos de amizade para com o Papa. Mas parece que em Moscou vige um mau humor. E uma visita do Papa poderia fazer vir à tona velhos assuntos de divergências e incômodos.

Em nosso país nem tudo está sem uma ou outra fricção entre as duas Igrejas. Os Ortodoxos fazem parte do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. E isso é um ponto muito positivo. O que João Paulo II sinalizou para a hierarquia ortodoxa, na encíclica “Ut Unum Sint”, foi um grande  convite para uma reaproximação, sem exigir  a perda  das peculiaridades. Isso supera as rusgas eventuais existentes. Mas em nível de Patriarcado de Moscou, que se considera líder no mundo ortodoxo, a situação não deixa de ser desanimadora. Existe uma aresta que não permite o motor trabalhar solto: após a queda da União Soviética comunista, as Paróquias da Igreja Católica Ucraniana, voltaram a reatar seus vínculos com a Igreja de Roma, temporariamente voltadas a Moscou. Os Religiosos desse Patriarcado consideraram isso um gesto inamistoso, como que cortando um “direito adquirido”. Superar esse mal-entendido vai requerer um bom tempo. O mau humor recíproco um dia vai se esgotar. Embora ferida aberta entre dois irmãos da mesma família, não é qualquer água oxigenada que estanca. Mas “conservemo-nos firmemente apegados à nossa esperança, porque é fiel aquele cuja promessa aguardamos” (Hb 10, 23).

 


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